domingo, 21 de julho de 2013

Domingo

Domingo é um dia mágico. Tudo sai da rotina e podemos fazer qualquer coisa. São tantas as possibilidades que a liberdade nos traz pelo caminho.
A liberdade está nas opções: descansar, ir à praia, ver um bom filme, o futebol, passear pela cidade.
Ah, a cidade! Ela também está fora da sua rotina nesse dia especial, toda vestida com um manto diferente. A cidade se despe de toda a seriedade, de toda a pressa, para viver bem devagar, sorvendo cada minuto.
Moramos num lugar especial. No fundo acho que todas as cidades são especiais, com seu charme, seus encantos, suas histórias, cada uma do seu jeito.
Todos buscam a paz, a tranquilidade, e essa busca sempre se finda no domingo, para depois começar tudo de novo. É aquela alegria no coração, aquele sentimento de contentamento que permite que tudo seja diferente, pelo menos hoje.
Querer tudo, fazer tudo, não fazer nada, aproveitar o dia antes que ele se vá, porque se algo ficou perdido, tem que esperar mais sete dias para recuperar.
Segure esse momento mágico nas suas mãos e deixe o prazer de viver escorrer lentamente pelos dedos, saboreando igual criança, que faz a festa com um doce. Afinal, o domingo é todinho seu.
A linda foto é do Açude do Camorim, no Parque Estadual da Pedra Branca, na cidade do Rio de Janeiro. Um dos belos lugares que eu tive o prazer de visitar num domingo.
E que tal se a gente transformar todos os dias em domingos?

sábado, 6 de julho de 2013

Livros de Mão em Mão

O Projeto Livros de Mão em Mão, nesse 1º ano de vida, já deixou inúmeros livros em ônibus, lojas, praças, igrejas. Alguns foram entregues em Mãos. Sempre com o intuito de incentivar a leitura de crianças, jovens e adultos.

domingo, 28 de abril de 2013

O homem sem sorte

Às vezes as coisas estão tão perto, mas insistimos que tem que ser do nosso jeito, nos nossos moldes e descartamos tudo que foge ao padrão. Somos cegos, ou melhor, com a visão deturpada pela midia, pela sociedade, por uma educação que se preocupa cada vez menos com os valores.
A felicidade está no dia a dia, nas coisas mais simples. Cada momento é especial. E somos nós, sim, que criamos a nossa realidade. Está tudo aqui.
O homem sem sorte
Vivia perto de uma aldeia um homem, um homem que era completamente sem sorte. Nada do que ele fazia dava certo. Muitas vezes ele plantava sementes e o vento vinha e as levava, outras vezes, era a chuva, que vinha tão violenta e carregava as sementes. Outras vezes ainda, as sementes permaneciam sob a terra, mas o sol, era tão quente, que as cozinhava.
E ele se queixava com as pessoas e as pessoas escutavam suas queixas, da primeira vez com simpatia, depois com um certo desconforto e enfim quando o viam mudavam de caminho, ou entravam para dentro de suas casas fechando portas e janelas, evitando-o.
Então além de sem sorte, o homem se tornou chato e muito só. Ele começou a querer achar um culpado para o que acontecia com ele. Analisando a situação de sua família percebeu que seu pai era um homem de sorte, sua mãe, esta tinha sorte por ter se casado com seu pai, e seus irmãos eram muito bem sucedidos, pois então, se não era um caso genético, só poderia ser coisa do Criador.
E depois de muito pensar resolveu tomar uma atitude e ir até o fim do mundo falar com o Criador, que como Criador de tudo, deveria ter uma resposta.
Arrumou sua malinha, algum alimento e partiu rumo ao fim do mundo. Andou um dia, um mês, um ano e um dia, e pouco antes de entrar numa grande floresta ouviu uma voz:
- Moço, me ajude.
Ele então olhou para os lados procurando alguém. Até que se deparou com um lobo, magro, quase sem pelos, era pele e osso o infeliz. Dava para contar suas costelas.
Ele falou:
- Há três meses estou nesta situação. Não sei o que está acontecendo comigo. Não tenho forças para me levantar daqui.
O homem refeito do susto respondeu:
- Você está se queixando a toa... Eu tive azar a vida inteira. O que são três meses? Mas faça como eu. Procure uma resposta. Eu estou indo procurar o Criador para resolver o meu problema.
- Se eu não tenho forças nem para ir ao rio beber água... Faça este favor para mim. Você está indo vê-lo, pergunte o que está acontecendo comigo.
O homem fez um sinal de insatisfação e disse que estava muito preocupado com seu problema, mas se lembrasse, perguntaria. Virando as costas, continuou seu caminho.
Andou um dia, um mês, um ano e um dia e de repente, ao tropeçar numa raiz, ouviu:
- Moço, cuidado.
E quando olhou, viu uma folhinha que vinha caindo, caindo; olhando para cima, viu a árvore com apenas duas folhinhas. Levantou-se e observando suas raízes desenterradas, seus galhos retorcidos, sua casca soltando-se do tronco, falou:
- Você não se envergonha? Olhe as outras árvores a sua volta e diga se você pode ser chamada de árvore? Conserte sua postura.
A árvore, com uma voz de muita dor, disse:
- Não sei o que está acontecendo comigo. Estou me sentindo tão doente. Há seis meses que minhas folhas estão caindo, e agora, como vês, só restam duas...
E, no fim de uma conversa, pediu ao homem que procurasse uma solução com o Criador.
Contrariado, o homem virou as costas com mais uma incumbência. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou a um vale muito florido, com flores de todas as cores e perfumes. Mas o homem não reparou nisto. Chegou até uma casa e na frente da casa estava uma moça muito bonita que o convidou a entrar.
Eles conversaram longamente e quando o homem deu por si já era madrugada. Ele se levantou dizendo que não podia perder tempo e quando já estava saindo ela lhe pediu um favor:
- Você que vai procurar o Criador, podia perguntar uma coisa para mim? É que de vez em quando sinto um vazio no peito, que não tem motivo, nem explicação. Gostaria de saber o que é e o que posso fazer por isto.
O homem prometeu que perguntaria e virou as costas e andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou por fim ao fim do mundo. Sentou-se e ficou esperando até que ouviu uma voz. E uma voz no fim do mundo, só podia ser a voz do criador...
- Tenho muitos nomes. Chamam-me também de Criador...
E o homem contou então toda a sua triste vida. Conversou longamente com a voz até que se levantou e virando as costas foi saindo, quando a voz lhe perguntou:
- Você não está se esquecendo de nada? Não ficou de saber respostas para uma árvore, para um lobo e para uma jovem?
- Tem razão...
E voltou-se para ouvir o que tinha que ser dito. Depois de um tempinho virou-se e correu... mais rápido que o vento até que chegou na casa da jovem. Como ela estava em frente à casa, vendo-o passar chamou:
- Ei!!! Você conseguiu encontrar o Criador? Teve as respostas que queria?
- Sim!!! Claro! O Criador disse que minha sorte está há muito no mundo. Basta ficar alerta para perceber a hora de apanhá-la!
- E quanto a mim, você teve a chance de fazer a minha pergunta?
- Ah! O Criador disse que o que você sente é solidão. Assim que encontrar um companheiro vai ser completamente feliz, e mais feliz ainda vai ser o seu companheiro.
A jovem então abriu um sorriso e perguntou ao homem se ele queria ser este companheiro.
- Claro que não... Já trouxe a sua resposta... Não posso ficar aqui perdendo tempo com você. Não foi para ficar aqui que fiz toda esta jornada. Adeus!!!
Virando as costas, correu mais rápido do que a água, até a floresta onde estava a árvore. Ele nem se lembrava dela. Mas quando novamente tropeçou em sua raiz, viu caindo uma última folhinha. Ela perguntou se ele tinha uma resposta, ao que o homem respondeu:
- Tenho muita pressa e vou ser breve, pois estou indo em busca de minha sorte, e ela está no mundo. O Criador disse que você tem embaixo de suas raízes uma caixa de ferro cheia de moedas de ouro. O ferro desta caixa está corroendo suas raízes. Se você cavar e tirar este tesouro daí vai terminar todo o seu sofrimento e você vai poder virar uma árvore saudável novamente.
- Por favor!!! Faça isto por mim!!! Você pode ficar com o tesouro. Ele não serve para mim. Eu só quero de novo minha força e energia.
O homem deu um pulo e falou indignado:
- Você está me achando com cara de quê? Já trouxe a resposta para você. Agora resolva o seu problema. O Criador falou que minha sorte está no mundo e eu não posso perder tempo aqui conversando com você, muito menos sujando minhas mãos na terra.
Virando as costas correu, mais rápido do que a luz atravessou a floresta, e chegou onde estava o lobo, mais magro ainda e mais fraco.O homem se dirigiu a ele apressadamente e disse:
- O Criador mandou lhe falar que você não está doente. O que você tem é fome. Está a morrer de inanição, e como não tem forças mais para sair e caçar, vai morrer aí mesmo. A não ser, que passe por aqui uma criatura bastante estúpida, e você consiga comê-la.
Nesse momento, os olhos do lobo se encheram de um brilho estranho, e reunindo o restante de suas forças, o lobo deu um pulo e comeu o homem "sem sorte".
"SOMOS O QUE FAZEMOS, MAS SOMOS PRINCIPALMENTE O QUE FAZEMOS PARA MUDAR O QUE SOMOS".
Fonte: www.metafora.com.br

domingo, 7 de abril de 2013

Era uma vez um viajante

O texto a seguir eu retirei do livro Sonhos, do escritor espanhol J. J. Benitez. Boa leitura e boa reflexão!
Conheci um eterno viajante. Esse homem dedicou sua vida ao conhecimento e à investigação. Desde pequeno - desde que alguém falou-lhe pela primeira vez de um Deus infinitamente sábio e generoso - esse homem sentiu o desejo de ser viajante.
_ Se esse Deus existe - repetia - eu o encontrarei.
Tanto caminhou que esqueceu a cor da terra onde nascera. Interpelou os picos cobertos de neve. Mas os homens da neve não souberam responder-lhe. Naqueles cumes não conheciam o paradeiro desse Deus.
Então desceu até as planícies. Conviveu com os velhos feiticeiros, mas seus deuses eram de cana e fogo, de vingança e terror. Assim voltou para a cidade grande, o coração assaltado pela dúvida.
Interpelou os cidadãos:
_ Um Deus infinitamente sábio e generoso...?
_ Impossível! - responderam na grande metrópole. _ Esse Deus é uma quimera... Se realmente existisse, nós, os dirigentes do mundo o conheceríamos...
Meu amigo, o eterno viajante sentiu-se perecer. Parecia não haver dúvida de que esse Deus infinitamente sábio e justo era fruto apenas da sua imaginação. Ele se retirou, desconsolado, para as brumas de sua solidão. Em meio a essa solidão, meu amigo tomou uma decisão: faria uma última "viagem"...
E recolhendo-se em si mesmo, adentrou o espaço desconhecido de seu próprio coração. E lá teve a maior de todas as surpresas. No novo caminho, descerrado por uma casualidade, descobriu a paisagem mais luminosa e impressionante, nunca antes imaginada.
Aquele "novo mundo" - imaterial - tinha as formas por ele desejadas a cada instante. E todas as suas dúvidas foram solucionadas.
Seu corpo, aparentemente, não era mais de carne, nem de dor, desejo ou desesperança. Seu corpo era presente, passado e futuro. Tudo ao mesmo tempo. Era luz e força.
E conquanto não conseguisse ver ninguém, sentiu que "alguém" o acompanhava. Perguntou se ali, naquele "novo reino", conheciam o Deus infinitamente sábio e bondoso. Uma voz, surgida das profundezas de seu novo "ser", falou-lhe:
_ Por que buscas fora de ti AQUELE que está sempre dentro de ti?

terça-feira, 26 de março de 2013

Feliz Páscoa... no seu verdadeiro sentido

Estamos mais uma vez chegando na época de Páscoa. O mais importante é entendê-la no seu real significado, que talvez pela difusão da midia esteja mais comercial e, digamos, material do que deveria ser.
Pessoas se aglomeram nas lojas disputando, a empurrões, os últimos ovos da promoção, porque sem eles, não existe comemoração em suas famílias e afinal de contas o que os outros diriam...
Será que já pararam para pensar na profundidade dessa data? Será que já se propuseram a ressuscitarem para uma Nova Vida? Uma vida de aprendizagem, troca, doação, respeito e compreensão para consigo e com o próximo.
Deixem penetrar em seus corações um pouco do amor incondicional a que tudo contagia. Páscoa é época de reflexão, de buscar no âmago do nosso ser a Verdade que existe em todos nós e que só está esperando uma atenção para despertar.
Vamos olhar tudo com uma visão mais ampla.Vamos deixar a luz penetrar e nos esforçar para mudar um pouco que seja a cada dia. Então sim, estaremos mais próximos do que Ele nos ensinou e faremos a nossa Páscoa não uma vez por ano, mas o ano inteiro, a vida toda.
FELIZ PÁSCOA... no seu verdadeiro sentido.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Centenário de Rubem Braga

Há 100 anos nascia em Cachoeira de Itapemirim Rubem Braga. Nesse fantástico texto abaixo, ele nos mostra o desejo de todo escritor.
"Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse: - Ai meu Deus, que história mais engraçada!
E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre.
Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria: - Mas essa história é mesmo muito engraçada!
Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse - e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aqueles pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse: - Por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!
E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês, em Chicago - mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: - Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina.
E quando todos me perguntassem: - Mas de onde é que você tirou essa história? Eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: - Ontem ouvi um sujeito contar uma história...
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro."
Rubem Braga