domingo, 7 de abril de 2013

Era uma vez um viajante

O texto a seguir eu retirei do livro Sonhos, do escritor espanhol J. J. Benitez. Boa leitura e boa reflexão!
Conheci um eterno viajante. Esse homem dedicou sua vida ao conhecimento e à investigação. Desde pequeno - desde que alguém falou-lhe pela primeira vez de um Deus infinitamente sábio e generoso - esse homem sentiu o desejo de ser viajante.
_ Se esse Deus existe - repetia - eu o encontrarei.
Tanto caminhou que esqueceu a cor da terra onde nascera. Interpelou os picos cobertos de neve. Mas os homens da neve não souberam responder-lhe. Naqueles cumes não conheciam o paradeiro desse Deus.
Então desceu até as planícies. Conviveu com os velhos feiticeiros, mas seus deuses eram de cana e fogo, de vingança e terror. Assim voltou para a cidade grande, o coração assaltado pela dúvida.
Interpelou os cidadãos:
_ Um Deus infinitamente sábio e generoso...?
_ Impossível! - responderam na grande metrópole. _ Esse Deus é uma quimera... Se realmente existisse, nós, os dirigentes do mundo o conheceríamos...
Meu amigo, o eterno viajante sentiu-se perecer. Parecia não haver dúvida de que esse Deus infinitamente sábio e justo era fruto apenas da sua imaginação. Ele se retirou, desconsolado, para as brumas de sua solidão. Em meio a essa solidão, meu amigo tomou uma decisão: faria uma última "viagem"...
E recolhendo-se em si mesmo, adentrou o espaço desconhecido de seu próprio coração. E lá teve a maior de todas as surpresas. No novo caminho, descerrado por uma casualidade, descobriu a paisagem mais luminosa e impressionante, nunca antes imaginada.
Aquele "novo mundo" - imaterial - tinha as formas por ele desejadas a cada instante. E todas as suas dúvidas foram solucionadas.
Seu corpo, aparentemente, não era mais de carne, nem de dor, desejo ou desesperança. Seu corpo era presente, passado e futuro. Tudo ao mesmo tempo. Era luz e força.
E conquanto não conseguisse ver ninguém, sentiu que "alguém" o acompanhava. Perguntou se ali, naquele "novo reino", conheciam o Deus infinitamente sábio e bondoso. Uma voz, surgida das profundezas de seu novo "ser", falou-lhe:
_ Por que buscas fora de ti AQUELE que está sempre dentro de ti?

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